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Psicanalista orienta pais e educadores.

Publicado em 27/06/2011

Como as crianças lidam com as tragédias?


Psicanalista orienta pais e educadores a escutarem as angústias dos jovens

Por: Lia Lehr, portal Chris Flores, 08/04/2011


A tragédia que ocorreu na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, Rio de Janeiro, na manhã de quinta-feira (7), em que um jovem entrou no colégio e começou a atirar contra os alunos, matando 12 crianças, chocou o Brasil e o mundo. Na televisão, também não se fala em outra coisa. Mas como as crianças que vivenciaram a tragédia de perto e perderam amigos irão superar este trauma? E no caso das crianças que tem acompanhado este drama pela televisão? Como elas lidam com o assunto? De que maneira os pais podem falar com os filhos? Devem tocar no assunto com elas? É importante as crianças verbalizarem seus medos? A doutora Gislene Jardim, Psicanalista, Mestre e Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, explica estas questões.


Do ponto de vista psicológico, que impacto ou traumas podem sofrer os alunos que presenciaram o massacre na escola no Rio de Janeiro?


“A condição de expectadores das crianças e adolescentes da escola no Rio de Janeiro os coloca na triste posição de testemunhas de um crime planejado por um jovem dessa mesma comunidade escolar. Certamente estes jovens estão tomados por uma forte angústia marcada pelo medo do agressor, pela fragilidade da auto-proteção e, principalmente, pela impotência diante da cena vivida. A cena inesperada, provocada por um autor também impensado, em local de suposta segurança, abala a todos: crianças, adolescentes e adultos presentes de forma incontestável. O sentimento de impotência diante do agressor acrescido ao sentimento de perda e luto por pessoas queridas são elementos fortes o suficiente para criar ou intensificar nestes sujeitos as angústias existenciais já em ação em cada um deles”.


No caso de crianças de outras escolas, mas que tem acompanhado a tragédia pela televisão: como tratar do assunto com as elas?

“Um fato como o que ocorreu nesta escola do Rio de Janeiro toca não somente as crianças e adolescentes, mas também provoca muita angústia nos adultos, sejam estes os pais ou os educadores. A rápida repercussão na mídia que faz chegar uma série de informações em tempo real impacta a todos. Ver cenas veiculadas pela TV, fotos e textos por meio de jornais e internet incrementam as fantasias mais primitivas de desamparo. Por outro lado, o sentimento que surge é o da solidariedade, dos pais que assistem para os pais que sofrem a perda na própria pele, dos jovens que veem o descontrole absoluto de outro jovem para com aqueles que sofreram no próprio corpo a dor do horror em suas mais variadas formas.

É salutar que os pais e educadores de todo o país estejam muito atentos às suas crianças e adolescentes de modo a escutar suas angústias, temores e dúvidas. Em situações como esta, de grande comoção social, é fundamental que os adultos possam conversar abertamente com as crianças e adolescentes, seja no ambiente familiar ou nas instituições escolares. O ponto de partida dessas conversas deve ser as próprias questões formuladas pelas crianças e jovens. O fato dos disparos terem ocorrido dentro de uma escola torna o assunto interesse de todos que tenham responsabilidade por crianças e adolescentes, uma vez que o lugar social da criança e do adolescente em nossa cultura é justamente a escola. Como amenizar esse drama, uma vez que continuarão a ir para as escolas"?


Como as escolas devem lidar com isso no dia a dia com os alunos? Que orientações podem passar às crianças? Deve evitar tocar no assunto com elas ou é importante que eles verbalizem seus medos?


"Falar sobre o assunto e dar dados de realidade (como por exemplo, citar cidade, local específico, apresentar o agressor como um sujeito acometido por um estado de loucura, etc.) pode, em muitos casos, amenizar angústias. Por outro lado, ninguém pode garantir ao outro que tal situação jamais ocorrerá. Esse é o impasse maior porque nenhum adulto pode garantir completamente a segurança ou a proteção de suas crianças e adolescentes; o que se pode é criar as condições de maior proteção, mas não de proteção total. Entramos em um campo bastante difícil, pois são muitos os fatores que devem ser levados em consideração em situações como esta na escola do RJ. O estado agudo de loucura de um jovem que provavelmente não encontrou nesta escola seu lugar de pertença, sua história de vida mais íntima, as mazelas sociais em questão, o fácil acesso às armas, e também um fator que nos torna igualmente suscetíveis ao drama vivido pelas crianças, adolescentes e suas famílias: o acaso. Aquela escola, neste ano, naquele horário, aquele bairro, aquela cidade, enfim, variáveis para as quais não se tem controle.

É por tudo isso que o assunto é penoso e sofrido para as crianças, os adolescentes e os adultos. Mas esses últimos não podem recuar: abordar o tema sem dramatizar mais do que o drama de quem viveu a situação na própria pele parece ser um bom caminho para recuperar a ideia de que a escola é lugar de fazer amigos, de aprender e de criar um mundo melhor".

Psicanalista orienta pais e educadores.

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